A proposta que trago nas seguintes linhas é baseada em diversas leituras minhas, experiências ouvidas e vistas por aí, e principalmente pela minha visão do mundo atual. É importante também frisar que o que vem a seguir se trata de uma opinião minha, Víctor Lemes, não escrevo em nome de todos os colunistas e/ou responsáveis pelo Vista-se.
Ultimamente, tem vindo muitos textos sobre a vida em minhas mãos. Tenho lido e refletido muito, e espero que consiga passar toda minha proposta nos próximos parágrafos.
O que temos presenciado em nossa vida em todos estes anos? Terror, medo, guerras, fome. A maldade humana já não tem nome, o mundo anda às avessas. As pessoas não se conhecem, fazem pouco ou nenhum caso sobre elas mesmas, e a vida em si acabou virando uma enorme rotina, com sorte uma rotina que dura oitenta anos.
O mundo está como aí está porque ele mudou e ainda estamos jogando com as regras antigas. As pessoas têm evoluído, o nível tecnológico-cientifico tem avançado muito, mas nossa sensibilidade perante a vida tem sido anulada. Nossos sistemas exigem uma atualização imediata, não podemos mais ficar assim, vivendo para nada. Devemos lembrar uma coisa simples que rege este ou qualquer outro mundo: o que eu faço, eu recebo. Tudo, literalmente tudo, é assim na vida. Nada é por acaso.
Repare no tamanho das sementes, são tão pequeninas, e quando plantadas em terreno fértil, banhadas com amor e gratidão, passam gerações e gerações crescendo, até se tornarem enormes, gigantescas, magníficas árvores. Nossas atitudes são essas sementes. É hora de trocarmos nossos espelhos.
O que o vegetarianismo prega em sua essência? Respeito à vida. Essa é a única chave mágica para abrir os portões do Novo Mundo. “A única argamassa definitiva capaz de cimentar a construção desse Mundo Melhor será a consolidação coletiva, desse princípio simples e difícil: A Vida é Sagrada. Um único artigo. Um único parágrafo. Sem exceções”[1].
Nós, que despertamos essa consciência, temos nos indignado com certas desculpas esfarrapadas, fornecidas por aqueles mesmos sistemas velhos: “animais são inferiores”, “sou um ser racional”, “eu não quero saber”, “eu não quero ver”, “não me livro de ser cruel”, “é o ciclo da vida”, entre outros.
Comecemos pela palavra “consciência”, no dicionário[2], em seu item número seis lê-se: “Cuidado com que se executa o trabalho, dever; senso de responsabilidade.” E “cuidado”, de onde vem? Do verbo “cuidar”, ter cuidado consigo mesmo, daí vem aquele ditado popular: quem ama cuida. Então cuidar é uma vertente de amar. Quando cuido dos meus cães, eu os amo. Quando cuido de meu lar, eu o amo. Quando cuido de mim mesmo, amo-me. Portanto, a base do respeito é o Amor. E o Amor escolhe? Não. O Amor aceita qualquer um, sem exceções.
Há aqueles que frequentemente dizem: “eu amo os animais”, mas, na verdade, estão se referindo àqueles “animais domésticos”[3], ou dentro de zoológicos. Continuam em suas zonas de conforto, bem acomodados. Alguns ainda proferem tamanha contradição enquanto reunidos em um churrasco na casa dos amigos. O “amor” deles abre exceções. “Exceção”, derivado do verbo “exceder”, que por sua vez, no mesmo dicionário, lê-se em sua primeira definição: “ser superior a.” Ser superior a alguém é comparar. Comparar é uma espécie de competição. Lembre-se nos dias de escola, apostava-se quem era o mais rápido a copiar os textos da lousa, quem corria mais, etc. Competia-se. E quem perdia, era humilhado. Era deixado de lado.
Enfim, abrir exceções é um tipo de preconceito. Veja o mundo. Homossexuais não podem se casar na igreja. Negros não podiam, e há lugares que ainda não podem, estudar na mesma escola que brancos. Países que negam às mulheres direitos iguais. Preconceito, preconceito, preconceito.
É preciso abandonar os preconceitos. É difícil? É. Eu mesmo ainda tenho alguns. Contudo, é imensamente necessário que todos nós saibamos, aceitemos, e primordialmente, entendamos que todos somos iguais.
Quando eles falam que animais são inferiores, eventualmente, em uma discussão conosco, pessoas conscientes, eles se sentirão os inferiores. Eles já se esqueceram que também são animais. Consequentemente, eles mesmos estão afirmando que são inferiores. “Acreditar que Deus haja criado seres inteligentes sem futuro, fora blasfemar da sua bondade.”[4]
“Não existem vidas maiores ou menores: existe a Vida. Podemos ensinar a nossos filhos o respeito incondicional a todas as vidas; podemos ensiná-los a respeitar e amar pássaros, insetos, gatos e cachorros, baleias, tartarugas-marinhas, golfinhos e micos-leões dourados; mas não podemos desmentir isso quando nos sentamos à mesa. Não podemos amar e matar, respeitar e destruir ao mesmo tempo.”[5]
Existem aqueles que se dizem “racionais”, ou seja, “tenho razão naquilo que faço ou falo”. A definição de “razão”, itens 2 e 3 respectivamente, “faculdade que tem o homem de estabelecer relações lógicas”; “bom senso.” Duas coisas me chamam atenção neste momento, “lógica” e “bom senso”. Sabe-se que o planeta Terra é habitado por 6 bilhões de pessoas. Sabe-se também que 800 milhões delas estão com fome crônica. Entenda fome crônica como “uma fome violenta que mata uma criança a cada cinco minutos.”[6]
“Se numa área de terra qualquer, cultivarmos forrageiras para alimentar o gado, este ao final irá alimentar mil pessoas: mas, se nessa mesma área plantarmos grãos, serão alimentadas por eles quatorze mil pessoas. Essa é a proporção real: 14 por 1. Multiplique isso por milhares. Por milhões. E saberá para onde vai a comida das crianças famintas do planeta Terra.”[7] Cadê o bom senso, senhores racionais?
“O que levou um Diretor do Conselho de Proteína da ONU a declarar: ‘Os grãos das classes pobres estão sendo desviados para alimentar o gado dos ricos.’ Mais precisamente, um terço dos grãos do mundo vira comida animal! E mais: os animais de corte são verdadeiros ‘sumidoures de proteínas’. De toda a proteína que um boi consome – 100% – sabe quanto ele vai devolver? Dez por cento. Isso faz da carne o alimento mais antieconômico e elitista do planeta. Enquanto milhões de pessoas morrem de fome, utiliza-se imensas extensões de terra, água e grãos para criar e alimentar animais para suprir os consumidores de carne. (…) Transformar os frutos da Terra em objeto de comércio, especulação e lucro, é tão imoral como pretender-se vender a luz do sol ou o ar.”[8] Cadê a lógica, senhores racionais?
Por favor, não nos fechemos para o mundo. Só a Verdade nos libertará de qualquer medo ou ilusão que nos é dado desde que nascemos. Só a verdade é revolucionária. Tenha coragem de saber o que você está fazendo de sua vida, adquira conhecimento, transforme-o em sabedoria, multiplique-se. Assista Terráqueos, e outros documentários sobre exploração animal. Assista documentários, leia sobre a origem do ser, das religiões, a origem da nossa história. Aprenda. E passe pra frente.
“O conflito não é entre o bem e o mal, mas entre o conhecimento e a ignorância.” (Buda)
Por fim, a fonte de toda desigualdade que há no mundo, pode ser definida por um único item: o dinheiro. E dirão: “mas o dinheiro não é o vilão, o dinheiro é bom, ele é necessário”. Veja bem, em um mundo onde tudo é de todos, o dinheiro já não fará diferença alguma, será apenas um desperdício de papel a mais no planeta. É necessário, como afirmei anteriormente, criar um novo sistema independente de dinheiro. Ele foi apenas uma invenção, que infelizmente não tem sido usada para o bem. Como tantas outras, tais como o avião, a teoria da relatividade, etc.
Como um vegetariano que não aceita comer uma porção de batatas em um McDonald’s , por exemplo, pois se assim o fizesse estaria de alguma forma financiando a morte de milhares de animais, deveríamos nos portar em relação ao dinheiro. Existem vários documentários por aí, que nos mostram a pobreza total, famílias procurando restos de comida em lixões. O sistema capitalista mundial se fundamenta na pobreza de uns para que outros vivam na riqueza. Você sabe disso, mas não pode correr ao erro e dizer: “não posso fazer nada sobre isso”, pois o carnívoro dirá o mesmo a você em relação ao consumo de animais.
O que é preciso ser feito? Evoluirmos, em todos os sentidos. Chega de materialismo, chega de sistemas fúteis e controladores, chega de ilusão. Quando é que vamos seguir o coração? Quando é que vamos ser humildes o bastante para aceitarmos nossas imperfeições, e mais importante, sabermos lidar com elas? A única coisa perfeita neste mundo é a lei da ação-reação. Tudo que eu faço, ou deixo de fazer, voltará ou não a mim. “Enquanto houver matadouros, haverá campos de guerra”, dizia Tolstoi. E assim é.
“Cada parcela deste mundo é propriedade de um Estado ou de um particular. Este roubo social, que é a apropriação exclusiva da terra, se materializa na onipresença dos muros, das grades, das cercas, das barreiras e das fronteiras; são as marcas visíveis dessa separação que invade tudo.”[9] Nós vivemos aprisionados, do mesmo modo que os animais vivem. Ou seja, o que os homens fazem a eles, assim é feito a eles mesmos.
Você, eu, qualquer um de nós, habitantes deste magnífico planeta, estamos condicionados a aceitar estas condições. Não nos importamos, inconscientemente muitas vezes, se hoje tenho algo de comer, e outros vão comer o resto que jogar na lata de lixo. Estes sistemas velhos nos fazem ficar insensíveis. E, quando percebem que poucos resolveram sentir, inventam palavras sem sentido como “utopia”, fazendo-nos crer que somos apenas sonhadores, que nunca um mundo belo há de se transformar deste inferno.
…
Antes de continuar, gostaria de ouvir opiniões, idéias, propostas do que fazer. Vamos discutir. Afinal, com uma só pétala não se faz uma flor.
[1] Mariléa de Castro, “A Alimentação à Luz do Cosmo”.
[2] Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, 2ª Edição 1986.
[3] De acordo com o IBAMA, os animais domésticos são aquelas espécies que passaram por melhoramento genético ou que foram selecionadas naturalmente pelo homem por serem de fácil domesticação. Os porcos são classificados como animais domésticos, assim como cães, gatos, vacas, patos, galinhas, codornas, coelhos, periquitos, entre outros. Segundo uma analista ambiental do instituto, comer ou não uma espécie é uma questão cultural e histórica. (Revista dos Vegetarianos, ano 4, número 47, p. 66.)
[4] Allan Kardec, “Livro dos Espíritos”, cap. XI.
[5] Mariléa de Castro, “A Alimentação à Luz do Cosmo”, p. 213.
[6] Acesso 27/10/10. < http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/desafio-seguranca-alimentar-eliminar-fome-cronica-604488.shtml>.
[7] Mariléa de Castro, “A Alimentação à Luz do Cosmo”, p. 215.
[8] Mariléa de Castro, “A Alimentação à Luz do Cosmo”, p. 215, 216.
[9] Trecho do documentário “Da Servidão Moderna”.
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