“Vamos celebrar a estupidez humana.” Engraçado como as pessoas não pensam mais. Será que é muito difícil para uma criatura, que se diz tão dotada de inteligência, entender que o que ela está a comer hoje, gerará uma doença horrível no futuro? Será que ela consegue se amar tanto assim?
“Vamos celebrar os preconceitos.” E ouvi um dos maiores absurdos outro dia.
Estava a conversar com um colega sobre o direito dos animais. Ele é daqueles bem presos em religiões do medo e favoráveis à ignorância. Quando disse que os animais não eram inferiores, como ele mesmo tinha confirmado com aquela convicção, eis que me responde assim: “Mas Deus sabia que o homem iria explorar um animalzinho sequer.” O deus dele sabia, que deus exemplar.
“Vamos celebrar a fome.” Será que eles sabem que “morrer de fome” não é apenas uma expressão?
É um tanto impressionante pensar que a maioria não. O que é dado aos bovinos, suínos, aves ou qualquer outro animal que eles comem como alimento poderia acabar com a fome de milhões de crianças em nosso pequeno universo.
“Vamos festejar a violência.” Quer saber de uma coisa engraçada?
Se procurarmos no dicionário Aurélio da língua portuguesa a definição da palavra “animal”, em seu item número quatro, lemos: “Pessoa desumana, bárbara, cruel.” Poxa vida! E eu achava que o homem é que era o bárbaro e o cruel. Senhores, precisamos atualizar nossos dicionários.
“Vamos celebrar a aberração de toda a nossa falta de bom senso.”
E ainda hoje, uma conhecida minha disse que iria em um rodeio, “adooooro”. Quando demonstrei meu nojo para com divertimentos como esse, tão bárbaros e cruéis, ela respondera o clichê mais comum entre os que não gostam de pensar: “gosto não se discute.” Engraçado. “Se acontece maus tratos ou não, aí é outra questão.” Amigos, ouviram-na, é outra questão.
Sabe, essa música chama Perfeição, e foi escrita por Renato Russo, e está no álbum O Descobrimento do Brasil. Renato não era vegetariano até onde eu sei, mas tenho certeza, dessas que se tem de coração, que se tivesse mais tempo ele o seria. Ele tinha esperança no mundo, ele sabia que podíamos mudar, podíamos voltar à nossa essência. Enfim, ele quis que fôssemos diferentes. É decepcionante, às vezes, ao dar uma pausa na caminhada, e ver seus amigos ainda lá atrás. É decadente pensar que o mundo tem evoluído “pra trás”…
Tomemos um mestre dos mestres, como exemplo.
“A esperança, sempre a temos, claro. É o que faz, em muitos casos, com que a vida seja suportável.”
“Se eu pudesse apagar a palavra utopia do dicionário e da mente das pessoas, fá-lo-ia. Adiamos e adiamos o que queremos ser.”
(José Saramago.)
Encerro aqui meu desabafo, com um dos versos finais mais verdadeiros de Renato, um de meus ídolos eternos. E que saibamos que temos potencial para, todos os dias, mudarmos o mundo, façamos do bom senso a nova ordem.
“Quando a esperança está dispersa só a verdade me liberta, chega de maldade e ilusão.”
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