Os homens nas ruas se arrastam nervosos, imbecis, inúteis, se encoxando entre à multidão. Seus olhares maus, com camisas desabotoadas, dessas que colam no corpo depois de três dias seguidos de uso. Alguns, caminham de mãos dadas à esposas, fingindo ouvir suas palavras de afeto, seus planos, suas dúvidas, suas promessas de amores. Os olhos destes pilantras sem vida nunca viram as cores dos olhares daquelas ingênuas mulheres, nunca ouviram a música que delas faz brotar o pranto, nunca ouviram o carinho que só é proferido ao pé do ouvido. Enquanto caminham ali nas ruas, se esfregando entre a multidão, viram seus olhares, miram seus ouvidos, proferem mentiras à alguma garota na rua.
Ao cruzar esquinas, casais de namorados que não estão enamorados, se beijam, se abraçam, se olham. Dali dois minutos que se despedem um do outro, estão flertando com outras meninas. Se acham os maiorais, contam quantos beijaram, com quantos "ficaram", quantas vezes dormiram juntos. Estes jovens irracionais se divertem com "rankings" de garotas que usaram. Acham atraente classificá-las com notas, com números, com piscadelas fúteis.
Os mais velhos, seja passeando com os poodles da patroa, seja fumando na varanda de casa, seja bebendo cerveja na padoca do lado, seja bisbilhotando as revistas playboy nas bancas, não importa, estão todos com a mesma esperança de morrerem logo para assim poderem desfrutar de um harém de garotas virgens. Quando não, estão repetindo os mesmos erros dos que os jovens de hoje fazem, dos que seus filhos fizeram, e vão se coçando as pernas, e reclamam da maldita doença, da maldita cadeira, das malditas pernas... Ah, se o tempo pudesse voltar dessa vez! Pegaria todas dessa rua e até mais.
Estúpidos, inseguros, insatisfeitos, nojentos, escrupulosos, malditos. Criadores e mantenedores desse sistema atrasado, desse machismo idealizado. Trancafiados em antigas jaulas, trocam um passeio de família por um bando de homens sedentos por uma bola feita de dinheiro. Vão usando e descartando. Vão sujando e aproveitando. Se essa é a imagem de homem para a sociedade, sinto uma imensa vergonha em ser taxado como um.
E ainda dizem por aí:
- Não, rapaz! Eu sou homem!
De onde vem tanto orgulho assim?
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O medo de voltar pra casa à noite
Os homens que se esfregam nojentos
No caminho de ida e volta da escola
A falta de esperança e o tormento
De saber que nada é justo e pouco é certo
E que estamos destruindo o futuro
E que a maldade anda sempre aqui por perto
A violência e a injustiça que existe
Contra todas as meninas e mulheres
Um mundo onde a verdade é o avesso
E a alegria já não tem mais endereço
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