domingo, 28 de maio de 2017

Uma proposta angustiante - Parte II

Olá, como vai?

Meu nome é Víctor Lemes, e esta será a segunda parte de uma proposta angustiante que comecei a escrever em novembro de 2010. Sete anos se passaram desde a última vez que escrevi sobre algo parecido, desde então, do mesmo modo que iniciei a primeira parte, digo o mesmo sobre o que vier nos próximos parágrafos: são todos baseados em experiências pessoais, e leituras diversas de livros que cruzaram meu caminho nesses sete anos, de filmes e documentários que assisti, e de histórias que ouvi e vivi. Devo também salientar que poderão haver argumentos contrários ou adversos à primeira parte, pois cresci em muitos sentidos, e há coisas que não concordo mais comigo mesmo de sete anos atrás.

A minha proposta angustiante vinha com um objetivo de trazer ao mundo uma visão de liberdade animal por meio da liberdade humana primeiro. E eu, aos meus vinte e um anos, propus o que Galeano diria ser uma utopia. Propus que criássemos uma sociedade sem dinheiro, que não houvesse preconceitos, e diversas outras coisas, mas eu só joguei ao vento meus desejos egoístas de como o mundo deveria ser ou ter sido, ao meu gosto. A solução, hoje aos meus quase vinte e oito anos, seria muito mais simples de se conseguir. Embora, tenha sido difícil conseguir.

Hoje, parto do princípio de que tudo está conectado. Tudo tem um propósito maior, e há coisas que não compreendo ainda o porquê, mas sinto que têm um objetivo positivo. Como Gandhi dizia, por mais que haja os inimigos, por mais que a maldade prevaleça centenas de anos, um dia, todos caem. Nada que é negativo dura para sempre. E também devo dizer que nada é imutável. Tudo caminha para cima, mesmo que pareça que andamos para trás. Há quem afirme que a humanidade tem andado para trás, mas eu prefiro pensar que apenas paramos. E estamos parados ou caminhando com passos de formiga sem vontade, há alguns mil anos…

Toda forma de escravidão e preconceito gerará escravidão e preconceito. Tolstói nunca esteve tão certo, quando disse que enquanto houver os matadouros, haverá campos de batalha. Assim como se ainda houver quem não goste ou odeie o Corinthians, o Palmeiras, o Botafogo, não poderá cobrar amor daqueles que lhe julgam os outros interesses, sejam eles sua opção sexual, seu gênero, sua cor, sua religião, seu nome. Hoje em dia, não posso cair na hipocrisia de dizer que não mato animais, logo eu, um vegetariano, pois isso seria uma mentira. O que posso dizer é que eu tenho consciência das minhas escolhas, e eu sei das consequências que isto me trará, e o quanto de sofrimento que posso poupar dos meus irmãos.

Não posso, no entanto, me calar diante das injustiças que aparecem, sejam elas sobre o direito dos animais, ou entre os humanos (que para mim, são a mesma coisa). O que é preciso fazer então? Primeiro, é preciso entender que você não é melhor que ninguém, e nem precisa ser, como eles (os que dominam o mundo) querem que você pense assim. Não é necessário ser alguém, não é necessário que possua um diploma universitário, um doutorado, um carro do ano, uma casa própria, uma família sua e filhos, ter feito intercâmbio no Canadá, ou o que mais que seja, para que você seja feliz, ou seja alguém. Gosto do que Osho diz: “você já é aquilo que quer se tornar.” Realmente, já somos tudo aquilo que precisamos ser, a questão é só dominar o nosso ego, e aceitar a sua verdade. Questione tudo e todos. Encontre suas respostas. Molde sua realidade de acordo com que acredita. E consiga dormir em paz, todos os dias. Coisas simples e coisas complicadas de se fazer.

Na primeira parte, sugeri uma sociedade totalmente oposta, utópica, do que vemos hoje. Após ler Chomsky, percebo que não poderíamos destruir todas as conquistas que alcançamos nas sociedades democráticas que temos hoje. Seria um tiro no pé gigantesco, pois, da maneira que eu entendo, as pessoas ainda não estão prontas para não ter líderes. Elas ainda não sabem conviver com o poder que possuem, como Osho costumava dizer, somos todos deuses. Creio que Noam Chomsky não aprovaria minhas analogias de seus argumentos com Osho, mas, como disse, tudo está conectado.
A única maneira que vejo como solução para o que me angustiava é a educação das pessoas. É preciso uma reforma na educação a nível pessoal e individual, de cada ser humano na Terra, para que saibam quem são, e saibam quanto eles podem ser livres, e o quanto são imortais. É preciso educar as pessoas sobre a morte, sobre a vida, sobre a fé (que nada tem a ver com ser religioso), sobre o medo. A ignorância é vizinha da maldade, como dizia Renato Russo. É preciso que haja pessoas mais humanas, no sentido de que sabem exatamente como agem, como pensam, quais serão seus atos e suas consequências. Educar a sentir. Enquanto não houver uma revolução na educação, não poderemos cobrar nada das gerações futuras.

Creio eu que um dia há de ter uma terceira parte para esta proposta, Mas até lá, espero que consiga entender que você não é diferente do seu parceiro, dos seus pais, dos seus candidatos, dos seus animais domésticos, dos animais que paga alguém para matar para comê-los… Não importa que cor seja sua pele, que raça eles dizem que você é, que opção sexual tenha… Qualquer besteira que cataloguem você, lembre-se: você não é o que eles dizem que seja. Você é único, não há e nunca terá alguém idêntico a você, em toda a existência.

Eu não sou homem, nem sou mulher. Não sou heterossexual ou homossexual. Não sou moreno nem caucasiano. Não sou jovem demais ou velho demais. Serei apenas o rótulo que eu quiser me dar, se assim me for confortável. Para ser sincero, eu ainda não sei quem sou, mas estamos aí na atividade, para descobrir. Espero que um dia possamos conversar mais.


Tenha uma boa sorte.

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